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Os textos abaixo, extraídos de pesquisas realizadas, respectivamente, por Pedro Ferreira de Souza e Marcelo Medeiros, especialistas em desigualdade socioeconômica, referem-se à fração média da renda nacional recebida pelo 1% mais rico da população no Brasil:
Texto I
As comparações corroboram que o Brasil é um dos países com maior concentração no topo, quiçá o que apresenta a maior. Por aqui, o 1% mais rico recebe em torno de 23% da renda total. Em outros países muito desiguais, esse percentual fica próximo a 20%, como nos Estados Unidos e na Colômbia. Nos países mais igualitários, ele não ultrapassa os 10%, como na França e no Japão [...]. O caráter inercial da desigualdade e sua tendência a mudar depressa apenas em situações de crise e ruptura podem ser vistos em muitos outros países. É raro observar mudanças prolongadas, graduais e profundas na fatia apropriada pelo topo da distribuição.
SOUZA, P. G. F. Uma história de desigualdade: a concentração de renda entre os ricos no Brasil – 1926-2013. São Paulo: Hucitec,2018. p.262. Adaptado.
Texto II
Quem quer entender desigualdade no Brasil tem que olhar para a desigualdade racial. Quem quer entender desigualdade racial tem que olhar para os ricos. Uma parte muito grande da desigualdade racial nos salários é dada pela diferença entre os trabalhadores de renda alta e os demais trabalhadores. As portas do mundo dos ricos são muito estreitas, mas para os negros elas estão praticamente fechadas e não vão se abrir sozinhas [...]. Os negros são uma minoria no grupo dos ricos e, entre eles, são os menos ricos. Não é simples explicar essa desigualdade sem passar seriamente pela ideia de racismo estrutural. Fatores que são tomados como determinantes da desigualdade em geral não conseguem predizer muito bem as chances de negros e brancos estarem entre os ricos. A raça, no entanto, ganha importância à medida que se vai para partes mais altas da pirâmide social. Ou seja, raça é uma barreira crescente, a qual se torna mais difícil de superar conforme as pessoas vão ficando mais ricas.
MEDEIROS, M. Os ricos e os pobres: o Brasil e a desigualdade. São Paulo: Companhia das Letras,2023. p.96-97. Adaptado.
Com o propósito de integrar a macroeconomia à teoria do desenvolvimento econômico, desde o início dos anos 2000, o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira e outros autores têm formulado um conjunto de proposições teóricas, acompanhadas de evidências empíricas, com o objetivo de explicar por que muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, após percorrerem uma trajetória inicialmente exitosa de crescimento econômico e alcançarem níveis de renda per capita em torno da média mundial, recaem em processos crônicos e persistentes de estagnação econômica. O conjunto dessas proposições forma o chamado novo-desenvolvimentismo.
De acordo com o novo-desenvolvimentismo, o principal obstáculo à superação da estagnação em países em desenvolvimento de renda média, como o Brasil, está relacionado à
No que diz respeito aos modelos neoclássicos e não neoclássicos de crescimento econômico, considere as afirmativas abaixo.
I - No modelo de Harrod, embora a taxa de crescimento de longo prazo dependa da taxa de poupança e da relação capital-produto, o pleno-emprego não é necessariamente assegurado no longo prazo, já que a chamada “taxa garantida” pode não se igualar à “taxa natural” de crescimento.
II - No modelo de Solow, a taxa de crescimento é sustentável no longo prazo, porque a função de produção agregada funciona sob condições de retornos crescentes de escala.
III - No modelo de Kaldor, a taxa de crescimento da economia no longo prazo é condicionada pela taxa de crescimento do produto industrial, mas esta última depende, por sua vez, da taxa de crescimento da produtividade industrial.
IV - No modelo de Thirlwall, segundo a lei de Thirlwall (versão forte), um país em desenvolvimento convergirá para níveis médios de renda per capita similares aos dos países desenvolvidos se aquele país detiver um padrão de especialização em que a elasticidade-renda da demanda dos produtos exportados for superior à elasticidade-renda da demanda dos produtos importados.
Está correto APENAS o que se afirma em
Em seu livro “Desenvolvimento e Estagnação: o Debate entre Desenvolvimentistas e Liberais Neoclássicos”, o economista André Nassif dedica um dos capítulos à contribuição de Celso Furtado para a teoria do subdesenvolvimento, desenvolvimento e estagnação nas economias capitalistas. Segundo Nassif,
Celso Furtado foi um dos pais-fundadores da Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe [...], em 1948, antes mesmo da designação de Raúl Prebisch como seu segundo secretário-executivo. Furtado “descobriu” um método teoricamente inovador de análise dos problemas econômicos, tendo talvez sido o economista latino-americano que maior ênfase conferiu à interpretação dos fatores históricos e sociais na dinâmica do processo de desenvolvimento econômico. Por tal originalidade teórico-metodológica, Furtado foi um cepalino não cepalino.
NASSIF, A. Desenvolvimento e Estagnação: o Debate entre Desenvolvimentistas e Liberais Neoclássicos. São Paulo: Contracorrente,2023. p.205. Adaptado.
Na concepção original de Furtado, o fenômeno do subdesenvolvimento (A)