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Texto V
Choque de gestão na Justiça Brasileira
Falar sobre justiça é uma questão bastante ampla. Ainda mais quando se pretende discutir o futuro da Justiça - o que se espera dela para os anos que se seguem. Começaria relatando um fato hipotético, que pode ser real. Numa estrada deserta, há um cidadão caminhando. Então, um caminhoneiro questiona: "Aonde o Senhor vai? A resposta é rápida: "Não sei! Pode me deixar emqualquer lugar". E é isso que acontece quando não se sabe o que se quer, quando qualquer caminho está correto. Portanto, é preciso que se tenha um plano estratégico. Para se lograr sucesso no atingimento dos objetivos, seja na economia, no plano internacional, na educação, faz-se necessário saber aonde vamos.
Atualmente, não se tem um plano de gestão. Assim, indaga-se: o que fazer para chegar lá? Como fazê-lo? O problema da Justiça não pode ser resolvido no plano macro. Ademais, não se pode politizar a Justiça. Algumas decisões recentes têm trazido absurda insegurança para a população. As decisões políticas se constituem em problema sério para o Brasil. Essa tendência atual de levar a política para dentro dos tribunais não é positiva para o País. É um erro grave.
Conforme dito anteriormente, não se pode resolver o problema da Justiça por atacado - desde a constituição de 88 tenta-se solucionar os entraves do judiciário por meio de reformas amplas, que funcionam mais como paliativos do que como soluções. Eu, particularmente, ouço sobre essa tal de reforma e nada acontece. Nunca vem a tal da reforma. Cria-se um Conselho, levantam-se biografias, há a existência de Tribunais que operam como palanques políticos, enquanto a reforma efetiva passa longe da sociedade. Não se pode ficar discutindo "perfumaria". É preciso discutir pontos nevrálgicos da Justiça para o Brasil avançar.
Entende-se que o melhor caminho para os problemas da Justiça é resolvê-los no particular. A Justiça é algo como educação e saúde. Não se faz educação e saúde em massa, não basta quantidade, e sim qualidade. Resolve-se hospital por hospital. Médico por médico. E no âmbito judiciário deve ser: processo por processo. Juiz por juiz. Vara por vara. A Reforma não se faz com conversa fiada. Isso se faz com plano de gestão e planejamento permanente.
O Brasil tem uma excelente estrutura no Judiciário - uma das melhores do mundo. Não deve nada aos melhores. Possui também um corpo importante de recursos humanos. Então, o País não precisa de fórmulas mirabolantes. Basta haver um choque de gestão. É preciso arregaçar as mangas e atender a demanda do povo. Muito mais do que falta de recursos, é uma falta de prioridades. Temos de ter objetivos e fazer o Brasil crescer.
Disponível em: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2006/04/ 09/jorbra20060409004.html.
Acessado em: 04.jun.2009.
Texto V
Choque de gestão na Justiça Brasileira
Falar sobre justiça é uma questão bastante ampla. Ainda mais quando se pretende discutir o futuro da Justiça - o que se espera dela para os anos que se seguem. Começaria relatando um fato hipotético, que pode ser real. Numa estrada deserta, há um cidadão caminhando. Então, um caminhoneiro questiona: "Aonde o Senhor vai? A resposta é rápida: "Não sei! Pode me deixar emqualquer lugar". E é isso que acontece quando não se sabe o que se quer, quando qualquer caminho está correto. Portanto, é preciso que se tenha um plano estratégico. Para se lograr sucesso no atingimento dos objetivos, seja na economia, no plano internacional, na educação, faz-se necessário saber aonde vamos.
Atualmente, não se tem um plano de gestão. Assim, indaga-se: o que fazer para chegar lá? Como fazê-lo? O problema da Justiça não pode ser resolvido no plano macro. Ademais, não se pode politizar a Justiça. Algumas decisões recentes têm trazido absurda insegurança para a população. As decisões políticas se constituem em problema sério para o Brasil. Essa tendência atual de levar a política para dentro dos tribunais não é positiva para o País. É um erro grave.
Conforme dito anteriormente, não se pode resolver o problema da Justiça por atacado - desde a constituição de 88 tenta-se solucionar os entraves do judiciário por meio de reformas amplas, que funcionam mais como paliativos do que como soluções. Eu, particularmente, ouço sobre essa tal de reforma e nada acontece. Nunca vem a tal da reforma. Cria-se um Conselho, levantam-se biografias, há a existência de Tribunais que operam como palanques políticos, enquanto a reforma efetiva passa longe da sociedade. Não se pode ficar discutindo "perfumaria". É preciso discutir pontos nevrálgicos da Justiça para o Brasil avançar.
Entende-se que o melhor caminho para os problemas da Justiça é resolvê-los no particular. A Justiça é algo como educação e saúde. Não se faz educação e saúde em massa, não basta quantidade, e sim qualidade. Resolve-se hospital por hospital. Médico por médico. E no âmbito judiciário deve ser: processo por processo. Juiz por juiz. Vara por vara. A Reforma não se faz com conversa fiada. Isso se faz com plano de gestão e planejamento permanente.
O Brasil tem uma excelente estrutura no Judiciário - uma das melhores do mundo. Não deve nada aos melhores. Possui também um corpo importante de recursos humanos. Então, o País não precisa de fórmulas mirabolantes. Basta haver um choque de gestão. É preciso arregaçar as mangas e atender a demanda do povo. Muito mais do que falta de recursos, é uma falta de prioridades. Temos de ter objetivos e fazer o Brasil crescer.
Disponível em: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2006/04/ 09/jorbra20060409004.html.
Acessado em: 04.jun.2009.
TEXTO I
Certas palavras
Sírio Possenti
De Campinas (SP)
Muitas palavras - ou expressões - não oferecem garantia nenhuma do sentido preciso (porque têm muitos...) ou do alinhamento ideológico de um texto, mas outras são indícios fortíssimos. Mercado , por exemplo, é quase um eufemismo para dirigentes de grandes conglomerados (ah, as avaliações, as proposições, as expectativas do mercado!). Por outro lado, opõe-se de certa forma a Estado , embora esta antonímia não esteja consagrada nos dicionários.
Os medievais que discutiram sobre a natureza dos conceitos, especialmente dos ditos conceitos abstratos (como "humanidade" ou "beleza" : são seres que existem em si ou são predicados que só se concretizam nos seres individuais?) teriam muita coisa a dizer sobre esse novo deus - agora meio morto, convenhamos, e pedindo esmolas exatamente ao Estado, que antes quis eliminar. Textos que empregam mercado positivamente são quase sempre enganadores, vendedores explícitos de uma ideologia barata (sem trocadilho) como se fosse ciência indiscutível. Talvez o sejam também os que defendem o estado, com a diferença de que são menos hipócritas e não o chamam apenas nas horas más.
Outro exemplo: "especialista" tornou-se, ultimamente, quase sinônimo de "oposicionista". Nunca ouvi um especialista falar a favor do governo. Do atual, quero dizer, porque todos eram a favor do anterior, pelo menos os entrevistados em jornais em TVs e quase todos os articulistas. Ouça a CBN e verá que tenho razão.
"Especialista em finanças públicas", por sua vez, é o outro nome de Raul Velloso, que Miriam Leitão cita todos os dias, cuja receita é cortar gastos do governo com pessoal, mesmo que logo em seguida um seu partidário reclame das tribunas do senado ou pontifique num jornal da noite que o governo não fiscaliza (porque faltam fiscais), que a saúde não vai bem (porque faltam médicos) etc. É o melhor exemplo do que seria um governo de contadores, que Mitterand previu.
Mas há palavras bem especiais, ainda mais especiais. Um bom exemplo está no comentário abaixo, de Elio Gaspari, publicado em sua coluna na Folha de S. Paulo de 01/03/2009:
DEMOFOBIA
Depois que Paula Oliveira admitiu para a polícia suíça que não foi atacada por xenófobos aconteceu algo estranho com a sua qualificação. Quando sua história teve crédito era "brasileira". Quando o relato trincou ela passou a ser chamada, com alguma frequência, de "pernambucana". Há suíços que gostam de contar histórias de preconceito de brasileiros contra brasileiros.
O exemplo é apenas um dos que se repetem à náusea nos noticiários: se há um crime e seus (supostos) autores forem moços de favelas, negros ou "quase pretos de tão pobres", eles são designados como bandidos e marginais . Mas, se jovens universitários
da Zona Sul espancam uma mulher - uma empregada doméstica - num ponto de ônibus porque pensavam que era uma prostituta, não só aquelas palavras não são empregadas - eles são no máximo "jovens", talvez "estudantes" -, como o jornal entrevistará um psicólogo
que explique o que leva jovens que têmtudo a praticarem tais atos.
A discriminação social no Brasil é tão flagrante que a Globo transcreve entre aspas a fala dos seus "marginais" (coisas como "nóis vamo", "pegá", "descê"), sem se dar conta (será?) de que as mesmas formas saem da boca do Faustão ou do Luciano Huck, para ficar em dois exemplos, mas, de fato, da boca de todos os que não lêem seu textinho - quase sempre tão pobre! - no telepromter.
O caso Battisti fornece material numeroso do mesmo tipo. Se a notícia começa com o terrorista ou com "o refugiado", quase não é necessário ouvir mais nada.
Disponível em: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3643438-EI8425,00-Certas+palavras.html. Acesso em: 30 mai. 2009.
Leve em consideração os parágrafos entre parênteses.
Assinale a alternativa em que a palavra destacada não pertença à classe gramatical das demais.