O sociólogo belgo-canadense Derrick de Kerckhove define de maneira singular o atual momento em que se dá a evolução da tecnologia. "Vivemos em estado permanente de inovação, e não é possível detê-la."
Discípulo do filósofo Marshall McLuhan, famoso por ter lançado o conceito de aldeia global, Kerckhove explica seu raciocínio mostrando que, entre a aquisição da linguagem humana e o surgimento da escrita, houve um intervalo de 1.400 gerações. Da escrita ao desenvolvimento da imprensa, esse prazo sofreu uma brutal redução: passaram-se 265 gerações. Já revoluções recentes, que disseminaram a televisão, o computador e a internet, ocorrem em intervalos de poucos anos. E todas têm sido vivenciadas por uma ou duas gerações. É um ritmo estonteante de novidades.
Kerckhove define que o meio é a base para esse salto da inovação. As sociedades orais eram mais conservadoras, porque tinham no corpo seu limite para a difusão da linguagem. Guardavam na memória tudo o que fosse necessário para o bom funcionamento do grupo. Com a escrita, o aprendizado tornou-se mais fácil. O homem pôde inovar, usando os registros históricos. O surgimento da impressão trouxe um novo paradigma. Outra importante etapa na escalada da evolução tecnológica deu-se com a eletricidade. Como meio, ela passou a transportar a linguagem – pelo telégrafo, pelo rádio e pela televisão – e ajudou a vencer qualquer distância. Depois, associou-se à digitalização. "Assim nasceram as condições para o atual estado de inovação permanente", diz ele.
(Adaptado de Ana Paula Baltazar. Veja Especial Tecnologia. setembro de 2008, p. 52)
Todas as palavras estão escritas corretamente na frase (não estão sendo consideradas as alterações que passaram a vigorar recentemente):