Que o desenho é uma das mais antigas formas de expressão do homem, não é novidade para ninguém. Os primeiros rabiscos nas paredes das cavernas devem ter feito o maior sucesso. De lá, para enquadrá-los, botar falas nos balões, imprimir e distribuí-los nas bancas de jornal, levou tempo – alguns milênios, certamente. Mas é evidente o poder de atração que essa conjunção de traços, cores e diálogos exerce sobre nós, a despeito da idade do apreciador.
A produção em série de histórias em quadrinhos só se tornou viável no século XIX. Conhecidas inicialmente como "literatura em estampas" ou "romances caricaturados", surgem como suplementos humorísticos de jornal. E catapultam as vendas.
Há detratores, claro, e sempre houve. Já as acusaram de se prestarem a funções ideológicas e políticas; de serem alienantes; de possuírem intenções imperialistas. E não sem razão. Ao longo da história, elas serviram para os mais variados fins, assim como livros, filmes e obras de arte. Nelas pode caber tudo de bom e de pior, como no mundo. Felizmente, temos defensores. Para Carlos Patati, roteirista e autor do Almanaque dos Quadrinhos, elas apenas "retratam uma época específica em que estão inseridas".
Mas como, afinal, definir uma história em quadrinhos? Uma revista, uma tira, uma charge? Para outro especialista no assunto, Álvaro de Moya, todos esses formatos são HQ: "É uma narrativa que conta uma história a partir de elementos gráficos". Moya defende que se trata de uma forma de arte de alcance extraordinário.
(Adaptado de Paulo Ribeiro Gallucci e Guilherme Resende. Brasil: Almanaque de cultura popular. Andreato comunicação e cultura, janeiro 2008, p. 20)