A eclosão da crise econômica global, claramente reconhecida em 2008 com o estouro da bolha hipotecária nos Estados Unidos da América (EUA), mostrou a fragilidade do sistema financeiro estadunidense e evidenciou o risco de falência das grandes montadoras de automóveis sediadas em Detroit.
Apesar de sucessivas medidas de apoio desde as campanhas buy american (compre americano) dos anos 80 do século passado, quando as montadoras japonesas começaram a surgir como sérias rivais no mercado estadunidense e foram pressionadas a limitar voluntariamente suas exportações, as três grandes de Detroit (Ford, GM e Chrysler) encolheram cada vez mais. Em meados dos anos 80, detinham três quartos do mercado interno. Em 2008, pela primeira vez, mais da metade dos carros vendidos nos EUA eram de montadoras estrangeiras.
Os historiadores da economia frequentemente lembram-se de Henry Ford e do fordismo como alicerces do modelo econômico que caracterizou os países desenvolvidos no pós-guerra, afastou a ameaça revolucionária e permitiu décadas seguidas de crescimento econômico e social.
Essa sociedade tem outros aspectos que podem parecer menos racionais, mas são de importância igualmente vital para sua existência. Estes não foram agregados pela empresa de Ford e sim pelo concorrente que o superou em seu próprio jogo: a GM (General Motors), fabricante do Cadillac, símbolo de ostentação indiferente ao ambiente.
A GM de Alfred Sloan introduziu na economia capitalista o hedonismo, a fantasia, o desperdício e o imediatismo. Criou uma divisão de arte e cor com o fito de oferecer variedade e estilo. Além disso, dispensou o consumidor de poupar para adquirir o automóvel ao criar sua própria financiadora.
Antonio Luiz M. C. Costa. CartaCapital, 26/11/2008, p. 34-8 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência, julgue os itens a seguir.
Apesar do encolhimento das três grandes montadoras — Ford, GM e Chrysler —, Detroit continua sendo a capital mundial do automóvel.