A previsão de uma safra de 154 milhões de toneladas de grãos, um novo recorde, é especialmente bem-vinda quando há tanta incerteza sobre a evolução geral dos preços. A FAO, o organismo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, já havia publicado uma avaliação sombria das condições do mercado internacional. Seu índice de preços de alimentos havia atingido em fevereiro o nível mais alto desde o início da série, em 1990.
A perspectiva de mais uma boa temporada agrícola no Brasil é animadora. De um lado, contribuirá para atenuar as pressões inflacionárias, provenientes principalmente do exterior, e reforçadas no mercado interno pela demanda, ainda forte, apesar de alguma desaceleração da economia. As estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, apontam aumentos de produção de alimentos essenciais, como feijão, arroz e trigo. Os estoques finais projetados para os três produtos são maiores do que os do ano anterior. Além de tornar o abastecimento mais seguro, essa melhora das condições de oferta poderá contribuir para arrefecer a forte alta dos preços. A colheita deverá ser mais do que suficiente para garantir um abastecimento tranquilo do mercado interno e para sustentar uma vigorosa exportação.
As novas projeções são explicadas pela melhora das condições do tempo e por um levantamento mais preciso das áreas de plantio. A agropecuária foi o setor com o maior crescimento na última década, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho foi favorecido pela adoção do câmbio flutuante em 1999, pela oferta de crédito e pelo continuado esforço de modernização, com muito investimento em máquinas e equipamentos. As condições externas também foram favoráveis. As oportunidades criadas pelo mercado global só foram amplamente aproveitadas, no entanto, porque o agronegócio brasileiro, em acelerada modernização há 30 anos, estava preparado para ocupar espaços.
(O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 13 de março de 2011, com adaptações)
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O segmento acima está reproduzido com outras palavras, mantendo-se a lógica, a correção e, em linhas gerais, o sentido original, em: