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A doença Hanseníase, popularmente conhecida como lepra, chegou ao Brasil ainda no século 16. Por uma profunda falta de conhecimento sobre a doença, altamente infecciosa, as pessoas contaminadas eram isoladas compulsoriamente nos chamados leprosários. Lugares com pouca estrutura e sem lei, onde cada um deveria dar conta de si. O primeiro asilo-colônia ou sanatório para Hansenianos foi fundado em Recife no ano de 1714.
Mas foi somente na década de 1920 que a doença se tornou um problema nacional. A fim de combate-la, foi criada a Inspetoria de Profilaxia e Combate à Lepra e Doenças Venéreas e, com isso, mais de dez estabelecimentos foram construídos. Segundo Guilherme Gorgulho Braz, jornalista e mestre em Divulgação Científica e cultura, “entre as décadas de 1920 e 1950, o Brasil contou com quarenta asilos-colônia, 80% deles inaugurados na Era Vargas, entre 1930 e 1945".
“A hanseníase, ou lepra, foi estigmatizada em todo o mundo. Em grande parte, por ser, em muitos casos, uma doença degenerativa que evidencia quem é portador dela (manifestações cutâneas em partes do corpo que são visíveis, nas mãos e no rosto, por exemplo)", explica o pesquisador documental sobre a história da hanseníase no Brasil, Vicente Saul Moreira dos Santos.
Em 1949, o isolamento de pacientes de hanseníase nos leprosários virou lei federal e vigorou até 1986. Totalmente isolados da sociedade considerada sadia, esses pacientes sofriam diversos tipos de alienação; aos que conseguiam alta, se reinserir fora dos leprosários não era tarefa fácil.
O nome “lepra" não é mais utilizado. A "lepra" teve sua nomenclatura modificada gradualmente nos registros oficiais do Brasil para 'hanseníase', a partir da década de 1970, em grande parte graças ao esforço do médico Abrahão Rotberg (1912-2006), que foi diretor do Departamento de Dermatologia Sanitária de São Paulo, explica Guilherme. (Adaptação da reportagem “A época dos leprosários", de Laís Modelli (revista Caros amigos, ano XIX, nº 220, julho 2015).