O crescimento econômico não traz automaticamente o avanço no bem-estar de uma sociedade. O desenvolvimento de fato só ocorre quando há melhoria também em fatores de qualidade de vida, tais como educação, saúde e segurança. Indicadores econômicos isolados, portanto, não são suficientes para aferir o estágio de avanço social. Pois foi com o intuito de avaliar de maneira mais precisa o grau de desenvolvimento dos estados brasileiros que um grupo da FGV Projetos, unidade de negócios da Fundação Getúlio Vargas, acaba de elaborar o Indicador de Desenvolvimento Socioeconômico (IDSE). Trata-se de um índice feito a partir de 36 variáveis sociais e econômicas, capaz de cotejar com apuro o nível de bem-estar nas 27 unidades da Federação.
O retrato exibido pelo estudo é alentador: praticamente todos os estados conseguiram progredir nos últimos anos, beneficiando-se da retomada do crescimento e do aprimoramento das políticas sociais. Mas os indicadores mostram que os avanços ainda são tímidos em algumas regiões. Pela metodologia usada agora pela FGV, o Estado mais avançado do país é São Paulo, que levou nota máxima (IDSE igual a 100). Na verdade, essa nota indica apenas que, numa escala de zero a 100, São Paulo está no topo, e os números servem de referência para analisar os demais estados.
Há duas maneiras de olhar para o trabalho dos pesquisadores. A primeira delas se resume a observar a fotografia – ou seja, examinando o quadro atual, que coloca São Paulo no topo, seguido pelo Distrito Federal. A segunda maneira de analisar o trabalho da FGV é "assistindo ao filme" – isto é, examinando a evolução ocorrida em sete anos. Por esse critério, fica evidente que alguns estados conseguiram resultados mais expressivos que os demais.
O destaque, aqui, cabe ao Tocantins. Em 2001, era um dos estados menos desenvolvidos do país. Agora, ainda que siga como um dos mais atrasados, conseguiu se distanciar um pouco dos retardatários. O avanço foi impulsionado pelo agronegócio, que tem na região uma de suas últimas fronteiras de expansão. Investimentos em infraestrutura e em projetos sociais ajudaram a reduzir seu atraso.
Outro Estado que conseguiu bons resultados foi a Bahia. Seu interior se beneficiou do agronegócio, especialmente das culturas de soja e de algodão. Mas a economia baiana é mais diversificada e contou com os motores de seu polo industrial de Camaçari e da indústria petrolífera. O Estado, porém, ainda está longe da visão idílica que cantam seus inúmeros poetas. Em outros estados, houve redução da pobreza devido aos programas sociais, como o Bolsa Família.
(Benedito Sverberi. Veja, 8 de abril de 2009, pp. 68-70, com adaptações)
As últimas fronteiras de expansão encontradas no Tocantins se referem ao fato de que nesse Estado