Pouca gente crê que as pinturas rupestres, os índios que habitaram as costas do Brasil há milhares de anos, as vasilhas de cerâmica e os artefatos de pedra encontrados aos milhões na América do Sul, sejam projetos sérios de arqueologia. Em geral, esses temas são considerados menores, pouco dignos do trabalho a ser desenvolvido e insignificantes se comparados ao Partenon, por exemplo.
Aqueles que pensam assim esquecem-se de que a arqueologia, apesar de estudar o passado, é uma ciência do presente e que seus produtos — conhecimentos originais — se incorporam à vida cotidiana de nossa sociedade. Ainda que não possa escapar da materialidade da cultura, é uma disciplina que não renega os aspectos imateriais, os que permitem conhecer o profundo e o diferente das sociedades. O arqueólogo não descobre um passado pré-existente, mas constrói um passado, com base não só nos dados arqueológicos mas também no contexto social e político e nas demandas e interesses da sociedade estudada.
A arqueologia não é uma ciência dos objetos e das coisas mortas do passado; a arqueologia é, pelo contrário, uma ciência da cultura e de suas infinitas transformações durante o desenvolvimento da humanidade ao longo do tempo.
Funari in Politis:2004 (com adaptações).
Com relação à temática do texto acima, julgue os itens subsequentes.
O estudo dos vestígios arqueológicos dos grupos africanos escravizados no Brasil recebeu, nos últimos anos, significativo incremento de investimento e formação de pessoal. Nesse sentido, diminuiu a disparidade entre os estudos nessa área e os estudos dos vestígios das elites ligados aos programas de preservação dos sítios de alta visibilidade.