Atenção: Para responder às questões de números 1 a 6, considere o testo seguinte.
A imagem popularizada de Leonardo da Vinci como um grande cientista permanece viva até os dias de hoje. A estatura de Leonardo como pintor e desenhista é incontestável, mas hoje poucos estudiosos reivindicam que ele tenha sido um grande cientista ou um grande engenheiro, embora uma corrente de autores populares continue a exaltar sua contribuição para a ciência. A cada ano, artigos e livros vêm se acrescentar a esse rol.
O gênio é uma estranha categoria. Ser um gênio, assim como ser uma celebridade, consiste em ser considerado como único por outras pessoas. A implicação deste termo é que, a despeito do muito esforço que seja despendido, o que realmente torna esses indivíduos ilustres são algumas qualidades inerentes. Os relatos do século XIX sobre Leonardo enfatizavam o fato de ele ter manifestado seu gênio na infância (como Mozart). Na matemática, rapidamente superou seus professores; seu pai teria mostrado um desenho de Leonardo a Verrocchio, que então teria ficado atônito. Um indivíduo se torna gênio por ter nascido como tal, não apenas por se esforçar − um consolo para o resto de nós que não consegue atingir esse nível.
O poderoso mito de Leonardo alcança esse patamar: ele é um gênio em tudo − realmente universal. Não faz diferença que ele, de fato, não tenha inventado coisa alguma. Pelo contrário, se ele não realizou coisa alguma é porque teve o infortúnio de ter nascido no que foi, tecnológica e cientificamente, o século “errado”. O gênio está sempre “adiante do seu tempo”, e por isso é mal compreendido.
A construção do culto a Leonardo como grande cientista foi obra de não-cientistas, de homens das letras e intelectuais dedicados a variadas áreas. Foi com admiração que grandes escritores do século XIX elogiaram as realizações de Leonardo como engenheiro, como Stendhal, por exemplo, que pouco conhecia sobre ciência.
(Adaptado de: Donald Sasson. Mona Lisa. Trad. Luiz Antonio
Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, pp. 78-81)