Atenção: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte
O andar do bêbado
Nadar contra a corrente da intuição é uma tarefa difícil. Como se sabe, a mente humana foi construída para identificar uma causa definida para cada acontecimento, podendo por isso ter bastante dificuldade em aceitar a influência de fatores aleatórios (*) ou não diretamente relacionáveis a um fenômeno. Portanto, o primeiro passo em nossa investigação sobre o papel do acaso em nossas vida é percebermos que o êxito ou o fracasso podem não surgir de uma grande habilidade ou grande incompetência, e sim, como escreveu o economista Armen Alchian, de "circunstâncias fortuitas". Os processos aleatórios são fundamentais na natureza, e onipresentes em nossa vida cotidiana; ainda assim, a maioria das pessoas não os compreende nem pensa muito a seu respeito.
O título deste livro - O andar do bêbado - vem de uma analogia que descreve o movimento aleatório, como os trajetos seguidos por moléculas ao flutuarem no espaço, chocando-se incessantemente com suas moléculas irmãs. Isso pode servir como uma metáfora para a nossa vida, nosso caminho da faculdade para a carreira profissional, da vida de solteiro para a familiar, do primeiro ao último buraco de um campo de golfe. A surpresa é que também podemos empregar as ferramentas usadas na compreensão do andar do bêbado para entendermos os acontecimentos da nossa vida diária.
O objetivo deste livro é ilustrar o papel do acaso no mundo que nos cerca e mostrar de que modo podemos reconhecer sua atuação nas questões humanas. Espero que depois desta viagem pelo mundo da aleatoriedade, você, leitor, comece a ver a vida por um ângulo diferente, menos determinista, com uma compreensão mais profunda dos fenômenos cotidianos.
(*) aleatório: que depende das circunstâncias, do acaso; fortuito, contingente. (Houaiss)
(Do prólogo de Leonar Mlodinow para seu livro O andar do bêbado)
Está plenamente adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: