Atenção: As questões de números 1 a 7 referem-se ao texto seguinte.
A internet produziu transformações espetaculares na sociedade na última década, mas a mais profunda só agora começa a ser estudada pela ciência. A facilidade e a rapidez com que se encontram informações na rede, sobre qualquer assunto e a qualquer hora, podem provocar alterações nos processos de cognição do cérebro.
Até a popularização da web, as principais fontes de conhecimento com que todos contavam eram os livros e, evidentemente, a própria memória do que se aprende ao longo da vida. A internet mudou esse panorama: a leitura em profundidade foi substituída pela massa de informações, em sua maioria superficiais, oferecidas pelos sites de buscas, blogs e redes de relacionamento. A memória, por sua vez, perdeu relevância − para que puxar pela cabeça para se lembrar de um fato ou do nome de uma pessoa se essas informações estão disponíveis no Google, a dois toques do mouse? Quanto mais dependemos dos sites de busca para adquirir ou relembrar acontecimentos, mais nosso cérebro se parece com um computador obsoleto que necessita de uma memória mais potente.
Na frase genial do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, "o cérebro é uma orquestra sinfônica em que os instrumentos vão se modificando à medida que são tocados". Dificilmente alguém conseguirá explicar essa plasticidade com uma imagem mais exata e intrigante. Imagine-se um violino cerebral que, tocado de forma medíocre por anos a fio, vai se transformando aos poucos em um berimbau. Ou um piano martelado por um músico de uma nota só que, ao fim e ao cabo, vira um bumbo.
Pode, com o passar do tempo, a facilidade de estocagem e recuperação de virtualmente qualquer tipo de informação atrofiar os instrumentos da orquestra cerebral humana especializados na busca e seleção de informações? É uma nova linha de investigação científica, que tem um grande futuro pela frente.
(Alexandre Salvador e Filipe Vilicic. Veja, 20 de julho, 2011, pp. 87-88, com adaptações)
... (2º parágrafo)
A mesma relação existente entre o verbo e seu complemento, grifados no segmento acima, está em: