Pesquisadores do Pantanal estão tentando salvar da extinção o tucura, uma das raças de gado mais antigas da região e mais adaptadas a ela. Atualmente, restam apenas cerca de 500 exemplares entre os quase três milhões de cabeças de gado da área. Também conhecido como bovino pantaneiro, o tucura já foi dominante entre os rebanhos locais, mas foi deixado de lado quando começou a importação maciça de raças muito maiores, como o nelore e outros zebus, a partir da década de 1950.
O tucura chegou à região há mais de 300 anos, junto com os colonizadores ibéricos. Durante esse tempo, a raça foi se adaptando ao complexo ambiente pantaneiro − que tem longos períodos de seca e de cheia. Um de seus principais diferenciais é justamente este: quando outras raças já não conseguem mais pastar na vegetação inundada, ele ainda consegue resistir na região por mais tempo. Isso acontece porque suas patas e cascos são mais resistentes à água. Uma ajuda e tanto no Pantanal, onde fazendas podem ficar submersas por até seis meses.
Apesar dessas características, o tucura parecia se encaminhar inevitavelmente para a extinção. Afinal o porte compacto que lhe garante maior sobrevivência ante as intempéries pantaneiras é também seu maior defeito para os produtores: menos carne para vender.
(Giuliana Miranda. Folha de S. Paulo, Ciência, A14, 4 de outubro de 2010, com adaptações)
. (final do 2° parágrafo)