Atenção: As questões de números 6 a 10 referem-se ao texto abaixo.
Pergunta: Por que o senhor acha que Cem anos de solidão fez tanto sucesso?
García Marquez: Não tenho a menor ideia, sou um péssimo crítico de meus próprios trabalhos.
Pergunta: Por que acha que a fama é destrutiva para um escritor?
García Marquez: Primeiro, porque ela invade sua vida particular. Acaba com o tempo que você passa com amigos e com o tempo em que você pode trabalhar. Tende a isolar você do mundo real.
Pergunta: O senhor já pensou em fazer filme?
García Marquez: Houve uma ocasião em que desejava ser diretor de cinema. Sentia que o cinema era um meio de comunicação que não tinha limites, no qual tudo era possível. Mas há uma grande limitação no cinema pelo fato de que ele é uma arte industrial. É muito difícil expressar no cinema o que você realmente quer dizer. Entre ter uma companhia cinematográfica e um jornal, eu escolheria um jornal.
[...]
Pergunta: Ouvi falar de uma famosa entrevista com um marinheiro que havia sofrido um naufrágio.
García Marquez: Não foi com perguntas e respostas. O marinheiro apenas contou suas aventuras e eu as reescrevi, tentando usar as palavras dele, na primeira pessoa, como se fosse ele quem estivesse escrevendo. Quando o trabalho foi publicado, na forma de uma série de reportagens em um jornal, uma parte por dia, durante duas semanas, foi assinado pelo marinheiro e não por mim. Só vinte anos depois a reportagem foi publicada em livro e as pessoas descobriram que havia sido escrita por mim. Nenhum editor de texto percebeu que ela era boa, até eu escrever Cem anos de solidão.
(Adaptado de Peter M. Stone. Os escritores, 2: as históricas
entrevistas da Paris Review. Trad. Cecília C. Bartalotti. São
Paulo: Cia. das Letras, 1989, p. 326 e pp.340-341)
Só vinte anos depois a reportagem foi publicada em livro e as pessoas descobriram que havia sido escrita por mim.
Considerando-se o contexto, a frase acima está corretamente reescrita, preservando-se em linhas gerais o sentido original, em: