Atenção: As questões de números 1 a 8 referem-se ao texto seguinte.
Existe uma longa tradição analítica que divide a economia em três setores: primário (atividades agropecuárias), secundário (indústrias extrativas, de transformação, construção civil e utilidades públicas) e terciário (que inclui todos os tipos de serviços públicos e privados). Até aí tudo bem. Entretanto, há também uma tradição em associar as atividades primárias a baixa produtividade, pouca tecnologia e reduzida interconexão com o resto da economia, além de reduzida eficiência organizacional. Ao mesmo tempo, associam-se à indústria qualidades opostas, ou seja, elevada produtividade, maior nível tecnológico e sofisticada organização.
Historicamente isso certamente é correto, pelo menos até há pouco tempo, o que resultou em uma proposição ainda hoje extraordinariamente difundida e aceita de que mais indústria é bom e mais agricultura é ruim do ponto de vista do crescimento. Um corolário imediato é também derivado na área de comércio exterior: mais exportações agrícolas (e minerais) pouco contribuem para o crescimento de longo prazo, pois provocam valorização cambial e pouca expansão do emprego, prejudicando a indústria, a chave do crescimento.
Essa dicotomia apresenta hoje muitos problemas para ser usada sem cautela, por algumas razões. Uma parte crescente das novidades tecnológicas não está na indústria, mas sim nos serviços, onde se destacam a Tecnologia da Informação (TI), as comunicações, os serviços criativos, etc. Esse fenômeno é tão poderoso que se reconhece que vivemos uma revolução de software, onde se gera a maior parte do valor, que coloca o hardware (máquinas e equipamentos), como caudatários do processo. Por outro lado, a TI permitiu uma ampla modificação no sistema de produção, em que se busca cada vez mais foco e especialização para a cadeia de produção. Como consequência, as atividades produtivas se organizam de maneiras diferentes, formando cadeias muito mais complexas do que no passado e tornando, a meu juízo, envelhecidas as contraposições do tipo agricultura versus indústria.
(Adaptado do artigo de José Roberto Mendonça de Barros. O
Estado de S. Paulo, B6/Economia, 7 de março de 2010)
de longo prazo ... (2º parágrafo)