Em 1964, nos EUA, às 3h20 da madrugada, uma mulher de vinte e oito anos voltava para casa após o trabalho. Ela era gerente de um bar da região. Diante do seu domicílio, na calçada, foi apunhalada por um homem. Vários moradores das casas vizinhas observaram a cena. Da sacada de um apartamento em frente um homem gritou: “Deixe a moça em paz!”. O agressor afastou-se por uns instantes, mas voltou em seguida, apunhalando-a de novo, enquanto ela gritava por socorro. Outras luzes se acenderam, ele pegou seu carro e partiu. Catherine Genovese arrastou-se até sua porta e tentava abri-la, quando o agressor voltou e lhe deu o golpe fatal.
Às 3h50, a polícia recebeu um chamado de vizinhos e em dois minutos chegou ao local. Dentre as trinta e oito pessoas que assistiram ao assassinato, apenas um homem, uma senhora de setenta anos e uma jovem vieram falar com os policiais. O homem explicou que ao presenciar a agressão não sabia o que fazer e ligou para um de seus amigos advogados. Depois foi ao apartamento da mulher de setenta anos para lhe pedir que telefonasse para a polícia. Resmungou que ele mesmo não queria se envolver nesse caso.
(Blackburn, Pierre in. Filosofando – Introdução à Filosofia. Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins. 4ª Ed. São Paulo: Moderna, 2009. Adaptado.)