Na famosa obra de William Shakespeare − “Otelo, o mouro de Veneza” − o general Otelo, casado em segredo com Desdêmona, é instigado pelo amigo Iago a acreditar que sua mulher o trai com Cássio, um jovem tenente, chegando no final a assassiná-la e a cometer suicídio em seguida. Ao longo da trama, ele vê, em pequenas “evidências”, as provas de que sua esposa lhe é desleal: um lenço perdido e que foi encontrado nos aposentos de Cássio; uma discussão em que Cássio fala de sua amante Bianca, que Otelo toma por Desdêmona; as mãos úmidas da mulher – para ele um sinal de sua traição. Otelo chega a considerar seu próprio ciúmes uma prova da infidelidade de Desdêmona: “Uma natureza não se deixaria invadir dessa forma pela sombra da paixão sem um bom motivo”. Com base no DSM-5, o transtorno que melhor se aplica ao caso de Otelo é o