Atenção: Para responder às questões de números 31 a 40, considere o texto abaixo.
As Cartas de amor de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz foram dadas a público 23 anos após a morte do poeta1; as cartas de Ofélia a Pessoa foram publicadas recentemente2. Possuímos, assim, a íntegra da correspondência entre os dois. O namoro teve duas fases. A primeira durou de março a novembro de 1920; a segunda, de setembro de 1929 a janeiro de 1930. Da primeira fase, ficaram trinta e tantas cartas; da segunda, pouco mais de uma dezena.
Ofélia foi, ao que se sabe, o único amor de Pessoa; Pessoa, o único amor de Ofélia. O namoro foi intenso e tenso, breve no tempo factual, longo na duração existencial; mas, como se diz vulgarmente, "não deu certo". Alguns dados biográficos são necessários para se entender essas cartas; e naturalmente insuficientes para se entender esse amor. Entender um amor é sempre uma pretensão vã; considerando-se a complexidade do indivíduo-poeta em questão, querer compreender melhor sua obra à luz dessa correspondência seria uma pretensão desmedida.
1 Cartas de amor de Fernando Pessoa. Lisboa/Rio de Janeiro; Ática/Camões, 1978.
2 Lisboa, Assírio-Alvim, 1996.
(Leyla Perrone-Moisés. "Sinceridade e ficção nas cartas de amor de Fernando Pessoa". In: Prezado senhor, prezada senhora: estudos sobre
cartas. Org. Walnice Galvão, Nádia Battella Gotlib. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 175)
, o emprego do sinal indicativo da crase está em conformidade com o padrão culto escrito, assim como o está na seguinte frase: