Leia o trecho abaixo, de Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum:


No meu íntimo, creio que deixei a família e a cidade também por não suportar a convivência estúpida com os serviçais. Lembro Dorner dizer que o privilégio aqui no norte não decorre apenas da posse de riquezas.

– Aqui reina uma forma estranha de escravidão – opinava Dorner. – A humilhação e a ameaça são o açoite; a comida e a integração ilusória à família do senhor são as correntes e golilhas.

Havia alguma verdade nesta sentença.

(HATOUM, Milton. Relato de um certo oriente. São Paulo: Companhia das Letras,1989, p.88.)

A respeito desse romance, considere as seguintes afirmativas:

1. Quem narra essa parte do relato é Hakim, filho preferido de Emilie, a quem ela ensinou o árabe na infância e que muito jovem se mudaria para o Sul do Brasil, jamais vendo a mãe novamente.

2. Dorner é um comerciante alemão, concorrente da loja da família de Emilie, a Parisiense, mas que se mantivera próximo à família por sua antiga amizade com Emir, o irmão suicida da matriarca.

3. O julgamento de Dorner, com o qual o narrador concorda, é injusto, e o tratamento cordial que toda a família de Emilie dedica à serviçal Anastácia Socorro é prova desse equívoco.

4. A referência à escravidão permite que se localize a ação de Relato de um certo oriente no final do século XIX, período em que o Ciclo da Borracha atraiu imigrantes para a região Norte.

Assinale a alternativa correta.