Leia o texto.

Historicamente, o mundo insistiu em ignorar o Haiti e sua grandeza.
Ao embargo político e intelectual secular – como definir de outra forma o ostracismo ao qual foi relegado o Haiti após sua vitoriosa revolução que culminou com sua independência em 1804? – sucederam-se intervenções e ocupações que sempre procuraram negar aos haitianos o sentimento do orgulho dos seus feitos; e, por fim, o golpe de misericórdia, a imposição de uma agenda ditada pela Guerra Fria, que, entre os anos 1950 e 1980, destruiu o Estado haitiano, fragilizou suas instituições, criminalizou os movimentos sociais e arrebentou seu sistema econômico.
Não foi a interferência americana que destruiu o plantio de milho e interrompeu as conexões existentes entre o camponês, os fornos e os consumidores? Ou outra intervenção que promoveu a eliminação do porco crioulo, base econômica de famílias? Ou o embargo internacional que promoveu o golpe final nas reservas florestais impondo o uso indiscriminado de carvão vegetal? Diante da fúria da natureza não cabe outro sentimento que o de uma frustração que deita raízes numa história profunda e que subitamente pode ganhar cor: o mundo dos brancos nos destruiu; o mundo dos brancos diz que quer fazer alguma coisa, mas o que faz, além de nutrir seus telejornais com fotos miseráveis que só fazem alimentar a satisfação autocentrada dos países ditos ocidentais?

(Omar Ribeiro Thomaz, “O Haiti já estava de joelhos, agora está prostrado”, Folha de S.Paulo,14.01.2010. Adaptado)

A partir do texto, é correto concluir que