Leia o texto a seguir.

Vai passar

Nessa avenida um samba popular

Cada paralelepípedo da velha cidade

Essa noite vai se arrepiar

(…)

Num tempo página infeliz da nossa história

Passagem desbotada na memória

Das nossas novas gerações

Dormia a nossa pátria mãe tão distraída

Sem perceber que era subtraída

Em tenebrosas transações

Seus filhos erravam cegos pelo continente

Levavam pedras feito penitentes

Erguendo estranhas catedrais

E um dia, afinal

Tinham direito a uma alegria fugaz

Uma ofegante epidemia

Que se chamava carnaval

O carnaval, o carnaval

(Vai passar)

(…)

Meu Deus, vem olhar

Vem ver de perto uma cidade a cantar

A evolução da liberdade

Até o dia clarear

(…)

(Samba-enredo composto por Chico Buarque e Francis Hime.1984)


Chico Buarque e Francis Hime, assim como outros músicos e compositores brasileiros, usaram a sua arte para relatar fatos censurados e denunciar o regime militar (1964-1984), burlando, poeticamente, a censura.

O trecho do samba-enredo Vai passar refere-se