O que há de política? É a pergunta que naturalmente ocorre a todos, e a que me fará o meu leitor, se não é ministro. O silêncio é a resposta. Não há nada, absolutamente nada. A tela da atualidade política é uma paisagem uniforme; nada a perturba, nada a modifica. Dissera-se um país onde o povo só sabe que existe politicamente quando ouve o fisco bater-lhe à porta.
O que dá razão a este marasmo? Causas gerais e causas especiais (...)
Não se admire, portanto, o leitor se não lhe dou notícias políticas. Política, como eu e meu leitor entendemos, não há. E devia agora exigir-se de um melro o alcance do olhar da águia e o rasgado do seu voo? Além de ilógico seria crueldade. Estamos muito bem assim.
Machado de Assis. Op. cit., p.55 e 59 (com adaptações).
No texto acima, o trecho: “E devia agora exigir-se de um melro o alcance do olhar da águia e o rasgado do seu voo?”, ao final do segundo parágrafo, é expressão metafórica e permite inferir que, na opinião do autor, os políticos