O filme “Uma noite de crime” (The Purge) começa com uma sequência impressionante de linchamentos, assassinatos e outras agressões cruéis vistas através de câmeras de segurança, ao som de uma doce música clássica. Um letreiro explica que os Estados Unidos instauraram uma lei permitindo a todos os cidadãos que se “purifiquem” (do verbo purge, que constitui o título original), cometendo todos os crimes que quiserem em uma única data específica, determinada pelo governo. Por causa desta violência institucionalizada, o nível de ocorrências policiais baixou, e a sociedade vive em perfeita harmonia 364 dias do ano – exceto pela selvageria durante a “noite de crime”, claro. A lei fictícia sugere que o grande pecado dos americanos não está em suas pulsões assassinas, que fariam parte de todos os seres humanos.
(Uma Noite de Crime. Filme 2013. AdoroCinema.)

Embora o relato do filme seja a descrição de uma situação claramente fictícia, na vida real existem momentos, em que, segundo o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade cria momentos de interrupção das regras que regem os indivíduos. Sobre esse e outros conceitos relacionados à vida em sociedade, Durkheim afirma que: