Hanseníase no Brasil
Por ARAUJO,2003 (trecho de artigo adaptado).
Embora a hanseníase hoje se mantenha nos países mais pobres e nos estratos de população menos favorecidos, não se sabe ao certo o peso de variáveis como moradia, estado nutricional, infecções concomitantes (HIV e malária), e infecções prévias por outras micobactérias na incidência dessa doença na população. O papel de fatores genéticos na infecção da hanseníase tem sido avaliado há muito tempo. A distribuição da doença em conglomerados, famílias ou comunidades com antecedentes genéticos comuns sugere esta possibilidade (10-11). A destruição ou a multiplicação do bacilo da hanseníase no interior dos macrófagos podem ser determinadas por mecanismos imunológicos que envolvem a apresentação do antígeno (complexo MHC) e pelo antígeno de histocompatibilidade HLA, ambos geneticamente determinados. A hanseníase, na forma tuberculóide, predomina no fenótipo HLA-DR2 e HLA-DR3, padrão de não suscetibilidade à doença; na hanseníase virchowiana e dimorfo-virchowiana, predomina o fenótipo HLA-DQ1, relacionado à suscetibilidade (2).
A prevalência da hanseníase (casos em registro) tem declinado no mundo e a meta de eliminação vem sendo alcançada em vários países. O número de casos novos registrados no ano tem se mantido estável, mostrando que muitos novos casos irão surgir nos próximos anos. Outro aspecto que preocupa é a prevalência oculta, definida como os casos novos esperados que não estão sendo diagnosticados ou o são tardiamente. Enquanto a doença se torna mais rara em alguns países ou regiões, quinze países com mais de 1 milhão de habitantes foram considerados endêmicos pela Organização Mundial da Saúde, ao final de 2000. No mundo, existiam 597.232 casos registrados, e foram diagnosticados 719.330 casos novos. O Brasil detém o segundo lugar no mundo, em número absoluto de casos (77.676 casos - 4,6/10.000) e índice de detecção considerado muito alto (2,41/10.000 – 41.070 casos novos). Contudo, acredita-se que a eliminação possa ser alcançada até o ano 2005, pois os estados que têm possibilidade de alcançar a meta em curto e médio prazos têm no seu registro 48% dos doentes, detectam 46% dos casos novos e concentram 80% da população brasileira (5,12).
(ARAUJO, Marcelo Grossi. Hanseníase no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v.36, n.3, p.373-382, June 2003.)
Leia o texto 'Hanseníase no Brasil' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. A prevalência oculta é definida como os casos novos de hanseníase que estão sendo diagnosticados rapidamente, antes que os primeiros sintomas se manifestem, conforme pode ser percebido a partir da leitura cuidadosa das informações do texto.
II. Na hanseníase virchowiana e dimorfo-virchowiana, predomina o fenótipo CFC-NG1, relacionado à não suscetibilidade de infecções por RNA, como se pode concluir a partir da análise das informações do texto.
III. Dentre as ideias presentes no texto, está a de que os fatores econômicos e sociais, como o acesso à moradia digna e aos serviços de saneamento básicos, são determinantes para o aumento da infecção pelo patógeno da hanseníase.
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