População surda
A aquisição da língua oral pelos surdos não acontece naturalmente. A diminuição da percepção auditiva faz com que necessitem de atendimento diferenciado e suporte clínico sistematizado, caso queiram adquirir habilidades de comunicação lato sensu na modalidade oral. A abordagem oralista trabalha com a aprendizagem da fala para a função de emissão e o treino da leitura labial para a recepção da mensagem. Suas práticas reabilitadoras lidam com o fato de que nem todo surdo possui as competências necessárias para desempenhar esse processo com eficiência. Só 20% do conteúdo recebido pelo surdo pode ser assimilado pela leitura labial. Para não ficarem alijados dos processos comunicativos, os indivíduos surdos se comunicam de maneira peculiar, e muitos usam a língua de sinais para se expressar e compreender o contexto no qual se inserem.
A compreensão dos aspectos socioculturais da comunidade surda é possível quando analisados pela trajetória histórica da educação das pessoas surdas, que é marcada pela dualidade da comunicação. Alguns defendem o uso da língua oral; outros, o uso da língua de sinais; e há quem defenda o uso das duas línguas em sistemas bimodais ou em bilinguismo diglóssico.
As línguas de sinais são de modalidade visuoespacial, pois o sistema de signos compartilhados é recebido pelos olhos, e sua produção é realizada pelas mãos, no espaço. São reconhecidas como línguas pela linguística, que lhes atribui o conceito de línguas naturais e não as considera “problema do surdo” ou “patologia da linguagem”.
A língua utilizada pela população ouvinte é majoritariamente a língua dos pais, e sua modalidade é a oral. No caso do Brasil, a língua utilizada é o português, mas, para os surdos, a realidade é outra. Eles se comunicam pela língua de sinais e, por isso, são caracterizados como um grupo linguisticamente minoritário. A língua oral do seu país não se apresenta como um recurso que facilita seu intercâmbio com o mundo; pelo contrário, representa um obstáculo que o surdo precisa transpor para se relacionar socialmente de forma efetiva. Vale a pena ressaltar que, no Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) só foi reconhecida como meio de comunicação e expressão da comunidade surda pela Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
Adaptado. Soraya B. R. Duarte et al. v.20, n.2, abr.-jun.2013, p.653-673 v.20, n.4, out.-dez.2013, p.1713-1734. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro. Disponível em: https://bit.ly/34lLvij.
Leia o texto 'População surda e muda' e, em seguida, analise as afirmativas a seguir:
I. As informações presentes no texto permitem concluir que a abordagem oralista trabalha com a aprendizagem da fala para a função de emissão e o treino da leitura labial para a recepção da mensagem. Suas práticas reabilitadoras lidam com o fato de que nem todo surdo possui as competências necessárias para desempenhar esse processo com eficiência, afirma o texto.
II. O texto leva o leitor a concluir que a língua utilizada pela população surda é a língua majoritária dos seus pais, e sua modalidade é a oral, que, no caso do Brasil, é a língua portuguesa. Para o restante da população, é necessário adotar uma forma alternativa de comunicação.
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