Questões de Concurso

O destino da Europa foi comandado, de ponta a ponta, pelo desenvolvimento obstinado de liberdades particulares, de franquias, que constituem privilégios reservados a determinados grupos, uns estreitos, outros amplos. Tais liberdades se opõem com frequência e até se excluem mutuamente. Claro, tais liberdades só puderam vir à luz, quando a Europa Ocidental se constituiu enquanto espaço homogêneo, enquanto casa abrigada. Sem casa defendida, não há liberdades possíveis. Os dois problemas são um só. (BRAUDEL, Fernand. Gramática das civilizações. São Paulo: Martins Fontes,2004, p.287)
A liberdade, uma das grandes questões da história do homem, tem sido demandada em diversas modalidades e formas durante toda a trajetória da humanidade: pensamento, expressão, ação, organização, movimento, entre outras. Por seu caráter histórico, em cada experiência assume um propósito e uma feição própria. Com base no texto, a noção de liberdade (libertates), experimentada pelos europeus entre os séculos XI e XVIII, é identificada

(a)

na liberdade dos camponeses, conquistada no século XII, quando os alqueives foram entregues aos homens do arado, mediante juros anuais a serem pagos ao antigo proprietário, no processo de ocupação a censo.

(b)

nas sublevações camponesas, a exemplo da jacqueries na França (1358) ou da revolta dos trabalhadores e camponeses ingleses (1381) e da sublevação dos camponeses alemães (1524-1525), afirmando a autonomia definitiva desses grupos.

(c)

na emergência de uma cultura urbana, responsável pelo surto desenvolvimentista obtido por meio do crescimento do comércio local e de longa distância, bem como na ausência de conflitos entre mestres e oficiais, típica das corporações de ofícios.

(d)

nas cidades medievais, por se desenvolver uma noção plena de liberdade, contribuindo para o estabelecimento das relações geopolíticas e sociais que reduziram os conflitos territoriais, ao considerarem as liberdades de outrem.

(e)

na condição que passou a usufruir o camponês no período do renascimento urbano, situação semelhante à experimentada pelo camponês das cidades gregas da época clássica, quando, pelo fato de um homem ser cidadão, podia exercer seu oficio de forma livre.