A PROCURA DAS CHAVES
Experimente morar em casa grande. Muitas portas, janelas, cômodos. Se além da morada tem a sorte de ter outros imóveis, um na praia, outro na montanha, a casa da mãe, do irmão, está perdido! Todas essas casas, com suas portas, de entrada, de saída, do portão da rua, da garagem exigem chaves e mais chaves. Ou seja, exigem atenção, cuidado permanente para escolher o chaveiro certo e não perdê-lo de vista jamais!
A estes molhos de chaves se somam ainda outras, do escritório, do consultório, da caixa de joias: uma profusão de chaves de tamanhos, formatos, modelos diversos. Chaves em lindos chaveiros, em chaveiros baratos. Chaves juntadas aleatoriamente por antigos barbantes. Pequenas, grandes, simples, trifásicas.
Antigas, modernas. A do malão de madeira maciça do meu avô tem duzentos anos e chegou no Brasil com a mudança de meus bisavós, vinda da Itália. É uma peça de museu, pesada, colonial, e ainda funciona. Esta é inconfundível, fácil de achar. O oposto daquelas pequenininhas, indistinguíveis, de cadeado.
Nunca acertamos a chave certa na hora de abrir o cadeado. Tem um no portão lateral, outro na porta de vidro da sala. Um terceiro na porta de entrada da praia. E nenhum deles parece funcionar. Permanecem imóveis diante das inúmeras tentativas frustradas. Muito chata esta história de ter que fechar as coisas. Quero viver num lugar em que tudo possa ficar aberto, inclusive o coração.
(MUCCI, R. Disponível em: www.viveragora.com.br/crônicas-rápidas. Acesso em: 23/09/2022.)
Em qual trecho do texto há uma forma verbal no presente do indicativo e uma no presente do subjuntivo?