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Os distúrbios da ignorância
O calor sufocante dos últimos dias, seguido de chuva intensa e temporais, é a cicatriz visível do horror das mudanças climáticas. Boa parte da área metropolitana de São Paulo inundou, morros deslizaram e mataram dezenas de pessoas, ruas viraram rios, mas nos limitamos a lamentar ou a nos surpreender, como se o queixume sanasse o mal que cada um de nós ajuda a formar no dia a dia.
As marcas profundas das mudanças do clima aí estão, agravadas pela miséria das populações suburbanas, mas insistimos em ignorar as causas profundas da brutalidade. Na ciência, há consenso sobre o perigo da crise climática e a devastação que provoca gradativamente na agricultura, ao alterar os períodos de plantio e safra, levando à queda na produção de alimentos. E o fantasma da fome ronda o planeta!
O aquecimento global, com invernos cada vez menos frios, derruba geleiras no Ártico e na Antártica, elevando o volume dos mares e estreitando nossas praias de veraneio. Em pontos do litoral paulista e em Santa Catarina, a situação já é visível a olho nu, mas optamos pela falsa “solução” de construir aterros.
Na Amazônia, onde antes chovia todos os dias ao final das tardes, agora já houve seca. No outro canto do mundo, na gélida Sibéria faz calor em pleno inverno.
Continuamos aferrados a ultrapassadas visões, poluindo nossas cidades com o monóxido de carbono dos automóveis, desinteressados em desenvolver motores elétricos. Dominamos a tecnologia sem interesse em implementá-la, porém.
As advertências e os alertas não partem só da ciência, mas também do Papa Francisco ao asseverar que é criminoso e obsceno destruir a obra divina da natureza em nome da cobiça de um capitalismo predatório, alucinado por lucro fácil.
(Flávio Tavares, “Os distúrbios da ignorância”. https://opiniao.estadao.com.br/,04.02.2022. Adaptado)
Assinale a alternativa em que há termos empregados em sentido figurado nas duas passagens transcritas do texto.