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Publicado originalmente em Coral, o soneto acima presta uma homenagem a Camões, a cuja dicção Sophia de Mello Breyner Andresen manifesta declarada admiração. Para tanto, a escritora não só imita o estilo da lírica camoniana, lançando mão de recursos formais e retóricos nela verificáveis, mas também explora alguns dos temas e tensões que a singularizam.


Sobre esse último aspecto, considere as afirmações a seguir, elaboradas a partir das ponderações feitas por António José Saraiva e Óscar Lopes (2004).


I. A primeira estrofe representa a natureza contraditória do sentimento vivido pelo eu lírico, indicando uma situação de dúvida e instabilidade que foge ao controle da razão.

II. No segundo quarteto, resgata-se o pendor neoplatônico da lírica camoniana, uma vez que o sujeito poético se conforma com a impossibilidade de realização plena do desejo, abraçando o ideal de amor desinteressado.

III. Os tercetos apontam para a busca de uma síntese, mesmo que apenas entrevista, entre “um ansiado absoluto e suas possibilidades viventes” (SARAIVA; LOPES, 2004), dada a constatação da essencialidade do sentimento em sua própria natureza transitória.


Estão corretas as afirmativas