A língua que falamos molda a forma como enxergamos as coisas. Cada idioma tem seus recursos e expressões, e isso tudo pode contribuir para que uma mesma situação ganhe interpretações diferentes. Ao comentar sobre o pouco tempo que tem de almoço, por exemplo, uma pessoa que fala inglês ou sueco provavelmente utilizaria o termo “pausa curta”. Para falantes de espanhol e grego, porém, o momento seria descrito como uma “pequena pausa”.
Essas variações na linguagem podem influenciar a percepção que cada pessoa tem sobre o tempo. E o caso mais interessante vem daqueles que falam mais de um idioma. Quem é bilíngue tem uma “chavinha” no cérebro, alterada de acordo com a língua que será utilizada.
Para determinar essa relação, alguns pesquisadores analisaram um grupo de 80 voluntários, composto metade por espanhóis e metade por suecos, que foram submetidos a alguns experimentos psicológicos.
No primeiro, eles tinham de assistir a uma animação de computador que mostrava duas linhas, que cresciam a partir de um ponto. Uma delas levava três segundos para atingir o tamanho de quatro polegadas. A outra crescia até atingir seis polegadas, no mesmo tempo. Após acompanharem as cenas, os voluntários eram orientados a manifestar suas impressões, estimando quanto tempo as linhas levaram para atingir seus tamanhos finais.
Os pesquisadores esperavam que os suecos tivessem mais dificuldade em acertar esse tempo. E foi exatamente o que aconteceu: para eles, a linha maior teria demorado mais que a outra para chegar às seis polegadas. Enquanto isso, espanhóis indicaram a duração do experimento com mais precisão — independentemente do tamanho de cada linha.
De acordo com os cientistas, o observado tem relação direta com a maneira como ambas as culturas quantificam o tempo.
O que tudo isso sugere é que, sob certas condições, a linguagem pode ter um peso maior que a rapidez de pensamento. Isso quer dizer que somente o fato de os pensamentos serem em certo idioma já pode ser responsável por uma desvantagem em determinada tarefa.
A boa notícia é que aprender novas línguas significa quebrar essa barreira, nos tornando capazes de perceber nuances que não conseguiríamos antes.
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