O rei tem em si dois corpos, a saber, um corpo natural e um corpo político. Seu corpo natural é um corpo mortal, sujeito a todas as enfermidades que ocorrem por natureza ou acidente, à imbecilidade da infância ou da velhice e a defeitos similares que ocorrem aos corpos naturais das outras pessoas. Mas seu corpo político é um corpo que não pode ser visto ou tocado, composto de política e governo, e constituído para a condição do povo e para a administração do bem-estar público, e esse corpo é extremamente vazio de infância e velhice e de outros defeitos e imbecilidades naturais, a que o corpo natural está sujeito, e, devido a esta causa, o que o Rei fez em seu corpo político não pode ser invalidado ou frustrado por qualquer incapacidade em seu corpo natural. PLOWDEN, E. Os dois corpos do rei. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p.21 .
Com o poder real respeitado e a administração fortalecida pela organização estatal, pensadores dedicaram-se a estudar a natureza do poder político dos monarcas. Entre as teses elaboradas, destaca-se a defesa da: