A dimensão linguística da fonética surge da intersecção entre informações sobre as propriedades físicas, acústicas e perceptivas dos sons e o funcionamento das unidades sonoras dentro do sistema linguístico. Para analisarmos as menores partes que compõem a fala, as unidades segmentais, como consoantes e vogais, é insuficiente considerar apenas os sinais físico-acústicos ou os movimentos articulatórios dos órgãos vocais. É fundamental compreender quais sons são responsáveis pelos contrastes em uma língua específica, o que se relaciona à fonologia. Tomemos como exemplo as consoantes fricativas: [s] de "selo" e [z] de "zelo" diferem, em termos articulatórios, apenas pela vibração das pregas vocais causada pela passagem do ar pela glote. Essa informação articulatória é relevante para falantes do português, mas não para falantes do espanhol, já que o sistema linguístico espanhol não apresenta o contraste entre essas consoantes. No espanhol, apenas o [s] está presente no inventário fonético, e, portanto, mesmo que ocorra alguma vibração durante a passagem do ar, ela não será considerada pelo falante, pois não contribui para os contrastes na classe das fricativas dessa língua.


(Fonte: https://www.ceale.fae.ufmg.br/

glossarioceale/verbetes/fonetica.adaptado)


Considerando a interseção entre fonética e fonologia abordada no texto, qual é a importância de compreender a relação entre sinais físico-acústicos e as unidades sonoras no sistema linguístico?