Atenção: Considere o poema abaixo para responder às questões de números 1 e 2.
Só é meu
O país que trago dentro da alma.
Entro nele sem passaporte
Como em minha casa.
Ele vê a minha tristeza
E a minha solidão.
Me acalanta.
Me cobre com uma pedra perfumada.
Dentro de mim florescem jardins.
Minhas flores são inventadas.
As ruas me pertencem
Mas não há casas nas ruas.
As casas foram destruídas desde a minha infância.
Os seus habitantes vagueiam no espaço
À procura de um lar.
Instalam-se em minha alma.
Eis porque sorrio
Quando mal brilha meu sol.
Ou choro
Como uma chuva leve
Na noite.
(...)
Só é meu
O mundo que trago dentro da alma.
(Trecho de Um poema de Marc Chagall. Trad. Manuel
Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008)