Desde o século XIV, quando a peste negra varreu populações inteiras do continente europeu, o número de pessoas no planeta só cresceu. Se a humanidade levou milhares de anos para chegar ao seu primeiro bilhão, em 1800, dos anos 60 em diante vem adicionando essa multidão de gente a cada década. A velocidade só agora começa a diminuir, em razão da acentuada queda nos índices de fecundidade. A população mundial, no entanto, somente começará a encolher por volta de 2100, ano em que, segundo as projeções da ONU, a Terra terá completado seu décimo bilhão de habitantes.
Esse tipo de previsão sempre suscitou visões catastrofistas acerca do futuro da humanidade. O mais notório dos pessimistas, o economista inglês Thomas Malthus, apregoava no século XIX que, quanto mais gente houvesse no mundo, mais fome, miséria, epidemias e guerras se propagariam. Graças aos avanços na medicina e na agricultura, as previsões funestas de Malthus não se confirmaram, assim como falharam as de seus seguidores.
O tom alarmista acerca do crescimento populacional arrefeceu. A humanidade terá de colocar toda sua inventividade à prova para dar conta de demandas crescentes sem depredar o ambiente ou viver sob escassez. Existe um consenso de que também o padrão de consumo dos recursos naturais terá de ser revisto, desafio que o florescer de uma nova classe média só torna mais complicado. Mantendo-se o ritmo atual, se de fato atingirmos a marca de 10 bilhões de habitantes, teremos um planeta à beira do colapso.
A expansão desse estrato intermediário de renda não significa apenas a vitória gradual do homem sobre a pobreza. Vencido o estágio mais básico da sobrevivência, esse grupo passa a se preocupar com o futuro e a abraçar políticas que lhe permitam seguir avançando, como aquelas que enfatizam o direito de propriedade, a segurança jurídica e as liberdades individuais. É ainda um contingente com mais estudo e capacidade para buscar soluções que deem conta dos gigantescos desafios do mundo de 7 bilhões de habitantes.
(Monica Weinberg e Renata Betti. Veja, 2 de novembro de
2011, p. 125 a 129, com adaptações)
. (4º parágrafo)
O segmento grifado acima tem o mesmo sentido, considerando-se o contexto, de: