O cenário é o luxuoso resort Four Seasons. Suadecoração sofisticada, com colunas de mármore, lustresmonumentais de cristal e detalhes das escadarias em ouro, atiça os olhos do turista. Câmera em punho, o ímpeto deregistrar o ambiente logo é interrompido por um dosfuncionários. “É proibido fotografar os homens vestindo roupasbrancas e as mulheres em trajes pretos”, exclamou. Restriçõesdesse tipo dentro de um hotel internacional são, no mínimo,estranhas aos olhos ocidentais. No entanto, quando o resort emquestão está localizado em Doha, capital do Catar, ter cuidadocom as fotos é apenas uma das milhares de regras e imposições a serem respeitadas na cidade.
Nas ruas, nos museus ou nos shoppings de Doha,sempre existe alguém para impedir os retratos. E se vocêconseguir tirar uma foto escondido vai perceber as pessoas cuidadosamente tampando o rosto. Isso porque o Catar, paísque acaba de ser eleito sede da Copa do Mundo de 2022, vivesob os preceitos da religião muçulmana. Lá, as mulheres nãopodem exibir seus rostos fora de suas residências e adotam asburcas como traje. As menos tradicionais se escondem apenascom lenços e véus.
(Natália Mestre, “A cidade dos contrastes”. ISTOÉ PLATINUM, n. 22, Dezembro/Janeiro 2011, p. 72)