Atenção: Para responder às questões de números 9 a 12, considere o texto abaixo.
Olhada em conjunto, a obra de Jorge Amado nos parece bastante una, caracterizada por um grande entrosamento das suas partes. Os livros do autor nascem uns dos outros, germinam de sementes lançadas anteriormente, sementes que às vezes permanecem muito tempo em latência.
O número dos seus temas é pequeno; daí a concatenação dos seus livros. E daí, também, a sua superioridade, uma vez que, deste modo, podem se apresentar num sistema vigoroso. A limitação em número dos temas é a condição do desenvolvimento evolutivo do autor. Desenvolvimento que se faz seguro, num retomar constante e sucessivo de temas anteriores.
A sua consciência faz poucas constatações, mas profundas e definitivas. Elas se impõem dentro do espírito do autor que as vai amadurecendo, elaborando, enriquecendo.
Dos meninos vadios de Jubiabá, nascem e crescem os Capitães da Areia, e dos seus saveiros, do oceano, nasce Mar Morto. O cacau, lançado no romance deste nome, fica latente muitos anos. Aparece de modo fugaz em Capitães da Areia, e se expande em Terras do sem fim. “Diário de um negro em fuga”, de Jubiabá, apresenta a vida dos trabalhadores do fumo, irmãos dos de cacau.
Encarados do ângulo do documentário, os seus romances sempre constituem uma informação. Informação de níveis de vida, de ofícios, de miséria, de luta econômica. Do ângulo poético, por meio dos ambientes o documento adquire realce e força sugestiva. São certas constantes cênicas e sentimentais – como o mar, a noite, a floresta, o vento, o amor. Constantes que obsedam Jorge Amado.
Água, mato, noite, vento. Graças a esses temas, Jorge Amado inscreve a sua obra no mundo, dando-lhe um sentido telúrico. Mas, dominando-os, se instala o tema humano do amor, que paira sobre eles.
(Adaptado de: Antonio Candido. Poesia, documento e história.
Brigada Ligeira. São Paulo, Ouro sobre azul)
De acordo com o contexto, traduz corretamente um segmento do texto o que está em: