Joaquim Manuel de Macedo ficou famoso por causa de A Moreninha (1844), romance que virou sinônimo do gênero romântico no Brasil e já fez muitas moçoilas e rapazes barbados chorarem. Dr. Macedinho, como era popularmente conhecido, editaria a obra às próprias custas e não se arrependeria: o livro converteu-se em nosso primeiro best-seller. A despeito do sucesso, o ganha-pão do escritor seria obtido a partir da atividade como jornalista, articulista e cronista. Médico de formação, Macedo enveredaria pela literatura de maneira ampla. Num momento em que parecia natural cruzar a ponte entre jornalismo e literatura, Macedinho sagrou-se personagem descolado no Rio de Janeiro de Pedro II.
E começou cedo: com apenas 24 anos, além de se dedicar ao romance, passou às páginas de jornal. Porém, se sua obra ficcional é conhecida, a produção jornalística é pouco divulgada. A desproporção é gritante, uma vez que o escritor publicou durante quatro décadas em vários órgãos cariocas. Apenas no sisudo Jornal do Comércio, reduto conservador dos mais estáveis, Macedo foi presença cativa durante 25 anos, sem interrupção. Suas colunas ocupavam o espaço prestigioso do rodapé da primeira página de domingo, dia em que a circulação duplicava.
Macedo era mesmo um agitador. Ajudou a criar uma tradição para nossas artes, letras e história. Nosso escritor usaria de suas boas relações e da sua literatura ágil para fortalecer seu grupo, empenhado na construção cultural do país.
(Lilia Moritz Schwarcz. O Estado de S. Paulo, sabático, S6, 26 de março de 2011, com adaptações)
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