Fim de linha
A invenção da máquina de escrever é atribuída ao inglês Henry Mills, em 1713. Era destinada a cegos, chegou a ser patenteada, mas jamais saiu do papel. A partir daí, a intermediação da mecânica no milenar ofício de escrever empunhando
pincéis, penas, tintas, lápis, carvão e tantos outros artefatos manuais foi dando saltos. Assiste-se, agora, ao fechamento da
última fábrica de máquina de escrever mecânica do mundo.
Ainda há gente, como o professor de filosofia Richard Polt, de Cincinatti, que a usa. “Frequentemente desligo o computador para escrever o primeiro esboço de algum trabalho mais sério numa máquina mecânica. É a maneira mais garantida de não cair na tentação de abrir e-mails ou ficar me distraindo na internet. O bom das máquinas antigas é que você só pode fazer uma coisa com elas: escrever.”
Polt mantém um site na internet que abriga material de consolo para quem sofre de abstinência de conquistas passadas.
“Máquinas de escrever manuais são para os ousados, os audaciosos, os que arriscam. Os perfeccionistas, em suma. Por
quê? Uma vez que uma tecla é acionada, não há mais volta. Se você errar, só lhe restará recolher-se à sua vergonha e tentar camuflar o erro”, escreveu um frequentador assíduo.
Mas ainda há linhas de montagem de máquinas de escrever elétricas e eletrônicas que continuam a pleno vapor. Sua principal clientela é cativa. Literalmente: vive atrás das grades. Proibida de usar computador, a população carcerária americana
é garantia de longa vida para uma indústria tão confinada quanto seus usuários.
(Adaptado da revista Piauí 57, junho de 2011)
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido deste segmento do 3º parágrafo: