Caso de injustiça
Conta o poeta Carlos Drummond de Andrade que, adolescente, foi expulso do colégio porque pediu ao professor de Português que atribuísse uma nota justa à redação que escrevera, já que o mestre lhe dissera haver sido muito generoso na avaliação. O pedido altivo do rapaz foi entendido como um ato de “insubordinação mental”. Drummond considerou esse caso pessoal decisivo para que, desde então, passasse a não esperar muito da justiça humana.
De fato, aquele professor de Português lembra essas pessoas que, investidas de alguma autoridade, usam-na para afetar benevolência e distribuir favores que, certamente, serão cobrados depois. Querem passar por “generosas”, quando não são mais que despóticas e arbitrárias.
(Amílcar Neves Sampaio, inédito)