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Leia o capítulo 6 de Lavoura arcaica, reproduzido abaixo
Desde minha fuga, era calando minha revolta (tinha contundência o meu silêncio! tinha textura a minha raiva!) que eu, a cada passo, me distanciava lá da fazenda, e se acaso distraído eu perguntasse “para onde estamos indo?” – não importava que eu, erguendo os olhos, alcançasse paisagens muito novas, quem sabe menos ásperas, não importava que eu, caminhando, me conduzisse para regiões cada vez mais afastadas, pois haveria de ouvir claramente de meus anseios um juízo rígido, era um cascalho, um osso rigoroso, desprovido de qualquer dúvida: “estamos indo sempre para casa”.
NASSAR, Raduan. Lavoura arcaica.3a ed. São Paulo: Companhia das Letras,1989. pp.35/36.
Considere as seguintes afirmativas sobre a narrativa de Raduan Nassar, publicada pela primeira vez em 1975:
1. Em Lavoura arcaica, não há marcação temporal do narrado e a narração não segue uma cronologia linear. Mesmo assim, o tempo é uma das questões centrais na tensão entre pai e filho, entre a pregação da contenção, da paciência e da obediência ao curso natural e soberano do tempo pelo patriarca e a reivindicação do direito à impaciência e à urgência pelo jovem filho.
2. As duas epígrafes – “Que culpa temos nós dessa planta da infância, de sua sedução, de seu viço e constância?”; “Vos são interditadas: vossas mães, vossas filhas, vossas irmãs, ...” – estabelecem uma relação com as duas linhagens da família: de um lado, o excesso de afeto materno; de outro, a imposição da ordem paterna.
3. A relação incestuosa com a irmã Ana e a tentativa de levá-la consigo no abandono da casa paterna representam a rejeição de todos os laços familiares por parte de André e o desejo, sempre presente, de se distanciar da repressão paterna e abandonar a lavoura arcaica em busca do diferente na cidade moderna.
4. Estamos indo sempre para casa, mas o retorno é sempre diferente. A cena habitual da festa familiar da primeira parte reaparece no final, com mudança apenas do tempo verbal. Dessa vez, no entanto, o fecho é diferente e trágico: o pai, símbolo da razão e do equilíbrio, cede à paixão e à loucura ao matar a própria filha.
Assinale a alternativa correta.
O poema “Legado” integra a primeira parte do livro Claro enigma (1951), a que o autor denominou “Entre lobo e cão”.
Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
ANDRADE, Carlos Drummond de, Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras,2012, p.19.
Considerando o poema, sua relação com o livro, e a poética de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa correta.
Em relação ao romance Fogo morto, de José Lins do Rego, identifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Por razões de orgulho pessoal, o Mestre José Amaro manifesta em relação ao Coronel Lula de Holanda uma altivez inesperada, dadas suas respectivas posições de poder.
( ) Os destinos pessoais de Marta, Olívia e Neném estão diretamente associados à posição social da mulher no contexto histórico representado.
( ) Apesar das suas limitações no presente, o romance mostra que o capitão Vitorino, dada a justiça das suas opiniões, seria capaz de influenciar positivamente a vida política da região em algum momento futuro.
( ) Na última parte da obra, os cangaceiros, liderados pelo capitão Antônio Silvino, e as forças da lei, representadas pela polícia, aparecem distintamente separadas como figurações do bem e do mal.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: ̶ Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! (“Um apólogo”)
Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados.” (“O enfermeiro”)
Esses são os parágrafos finais de contos do livro Várias histórias (1896), de Machado de Assis. Sobre essa obra, considere as afirmativas abaixo:
1. Todos os contos de Várias histórias terminam com algum ensinamento moral, conforme preconizava a estética realista.
2. Na obra machadiana, a competição acirrada que caracteriza a vida humana tende a se resolver após a morte, que serve de consolo e apaziguamento.
3. A agulha de “Um apólogo” identificou-se com a reflexão do professor de melancolia: os que abrem caminho nem sempre são premiados por seus esforços.
4. O protagonista de “O enfermeiro”, que cogitou não receber a herança do homem que ele matou, termina a história rico e sem arrependimentos.
Assinale a alternativa correta.