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De acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra (2016), os sinais de pontuação são utilizados para compensar recursos rítmicos e melódicos próprios da elocução oral, os quais se perdem na modalidade escrita. No que se refere especificamente ao conjunto de sinais cuja função é marcar pausas (vírgula, ponto, ponto e vírgula, por exemplo), há casos em que se admite certa flexibilidade de uso, uma vez que não ferem as convenções gramaticais normatizadas ao longo do tempo.
Nos excertos abaixo, retirados do artigo de Luiz Maurício Azevedo, a opção pelo emprego ou pela ausência de sinais de pontuação ocorre de maneira adequada EXCETO em:
Em Ler e escrever: estratégias de produção textual, Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias (2012) apresentam um conjunto de recursos que contribuem para a progressão sequencial, possibilitando o avanço do texto, além de contribuir para a construção de seu sentido.
Considerando-se apenas os mecanismos associados à chamada progressão tema-rema, o subtipo que predomina no segundo parágrafo (linhas 7-18) do artigo é
I. O pronome sua, na expressão “sorte sua” (linha 47), refere-se a Carolina de Jesus (linha 43), constituindo-se um caso de referência endofórica. II. A expressão “nesse tabuleiro” (linha 7) refere-se a crítica literária (linha 6), constituindo-se uma forma remissiva gramatical. III. A expressão “drosófilas do pensamento” (linha 21), ao mesmo tempo em que alude a críticos literários, agrega sentido ao texto.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)
O interesse renovado por Quarto de despejo, como exemplificam as recentes pesquisas apontadas no último parágrafo do texto de Azevedo, ilustra, em alguma medida, o que observa Antônio Candido (2006) no excerto a seguir, retirado de Literatura e sociedade: “[a] obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público; nem este é passivo, homogêneo, registrando uniformemente o seu efeito. São dois termos que atuam um sobre o outro, e aos quais se junta o autor, termo inicial desse processo de circulação literária, para configurar a realidade da literatura atuando no tempo”.
Tendo em mente o embasamento sociológico por meio do qual o crítico investiga a relevância e a interseção de categorias como autor, obra e público, para se compreender o funcionamento do sistema literário, leia as afirmações abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) No concernente à categoria do autor, nota-se que depende não só do processo da (auto)identificação do produtor como componente de um segmento específico, mas também das condições de existência encontradas pelos membros desse coletivo, as quais se ligam ao imaginário social estabelecido sobre o papel/função que desempenham.
( ) Conquanto a categoria do público funcione como mediadora entre obra e autor, dada a contribuição trazida pelas reações do(s) leitor(es) para aguçar o olhar do criador sobre a própria criação, sua importância é considerada relativa, haja vista que nem todo escritor pauta diretamente seu processo compositivo nas expectativas do receptor.
( ) Ainda no que se refere ao público, sua configuração se dá pela existência e natureza dos meios de comunicação – esta última marcada tanto pelos instrumentos de divulgação quanto pelo grau de instrução e pelos hábitos intelectuais de quem divulga −, pela formação de uma opinião literária e pela diferenciação de setores mais restritos que tendem à liderança do gosto.
( ) Consideradas as três categorias em correlação, observa-se que o reconhecimento da posição do escritor (a receptividade às suas ideias ou à sua técnica, a remuneração do seu trabalho) depende da aceitação da sua obra por parte do público médio. Escritor e obra constituem, pois, um par solidário, funcionalmente vinculado ao público.
A sequência correta, de cima para baixo, é
Leia as afirmativas a seguir, em que se avaliam posições de Azevedo à luz do exposto no estudo de Eagleton.
I. Por considerar que “o exercício da crítica tem muito a dizer sobre as coisas e sobre o modo como o mundo funciona”, reputando ser “especificamente por isso que sobre alguns livros a intelligentsia se sente compelida a dizer muito pouco ou quase nada” (linhas 38-40), Azevedo mostra, em conformidade com Eagleton, que julgamentos e silenciamentos estão ligados a um sistema de crenças e de preconceitos estruturado socialmente, o qual se associa ao modo pelo qual se configuram as relações de poder. II. Quando Azevedo reconhece em “Quarto de despejo” a presença de “uma matéria muito mais áspera que as utilizadas pela maioria esmagadora de seus pares”, em cujos textos constata-se um “conforto estético” compatível ao de sua experiência empírica (linhas 49-51), provavelmente está aludindo ao conceito de desfamiliarização ou estranhamento, que decorre das contribuições trazidas pelos formalistas russos e possibilita a Eagleton identificar o modo pelo qual se manifesta a literariedade. III. A menção à “profundidade escura” do “modernismo cru” de Carolina Maria de Jesus, bem como à “complexidade sufocante das estratégias que criou para dissolver a realidade e fazer com que ela coubesse na miúda sintaxe de sua escolarização precária” (linhas 68-70), sugere que a linguagem presente em Quarto de Despejo não atinge o critério de beleza na escrita, o qual Eagleton, a partir dos postulados estabelecidos pela retórica, identifica como um dos requisitos funcionais para a distinção entre literário e não literário.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)