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A religiosidade indígena encontrava por vezes resistência à evangelização pelos jesuítas, uma “inconstância na alma”, ora a aceitar entusiasticamente a nova religião, ora a rejeitá-la. Não existia entre eles uma doutrina inimiga, mas exibiam “maus costumes” aos olhos inacianos que deveriam ser combatidos, descritos por Antônio Vieira: “canibalismo e guerra de vingança, bebedeiras, poligamia, nudez, ausência de autoridade centralizada e de implantação territorial estável. Era então necessário um longo e árduo processo de adaptação e reinterpretação de hábitos e costumes cristãos com as culturas indígenas. A missa dominical, a prática de sacramentos do qual o batismo seria o primeiro passo, tudo isso conflitava com os sentimentos de tradições indígenas. A água batismal, por exemplo, era associada à morte, recusada pelos índios.

(Castro,2002.)

A chegada de cristãos no mundo indígena e africano inseriu-se num processo de dinamismo cultural, de reinterpretação e adaptação. Esta chegada dos elementos europeus no contexto colonial:
Por bem ou por mal, a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos – e mais imprevisíveis – da mudança histórica no novo milênio. Não deve nos surpreender, então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas, ao invés de tomar, simplesmente, uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas assumam progressivamente a feição de uma política cultural.

(HALL,1997, p.20.)

Estudiosos modernos têm destacado como as preocupações dos pesquisadores deslocam das relações entre currículo e conhecimento escolar para as relações entre currículo e cultura. É preciso entender, que nesse viés, o educador:
Segundo Lampião, foi ele quem delatou o local onde estava seu pai, José Ferreira dos Santos, no dia 18 de maio de 1921. Nessa data, ele foi morto pelo tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão, em Mata Grande, sertão de Alagoas. A morte do pai de Lampião é um episódio marcante para o cangaço. A história conta que os irmãos Ferreira resolveram entrar na vida do crime para vingar os ataques que o pai sofria de um vizinho – que virou inimigo – chamado Zé Saturnino. A morte do pai foi o estopim para eles entrarem no cangaço. O processo judicial que denunciou Lampião e mais quatro cangaceiros pelo crime estava guardado no Fórum de Maceió.

(Lampião: processo resgatado revela tocaia para matar delator de pai. Disponível em: uol.com.br.)

O cangaço foi um movimento social ocorrido no Nordeste do Brasil, nos séculos XIX e XX. Eram grupos de nômades armados que viviam em bandos. Os cangaceiros:
Num movimento da consciência, cuja intencionalidade passa a ser uma propriedade inerente, o homem constitui-se efetivamente humano. A capacidade de planejar as ações, bem como algumas formas de linguagem existem, de forma incipiente, nos animais superiores; porém, a ação planejada de todos os animais, em seu conjunto, não conseguiu imprimir sobre a terra a marca de sua vontade. Isso aconteceu com o aparecimento do homem. “Em uma palavra, o animal utiliza a natureza exterior e produz modificações nela pura e simplesmente com sua presença; entretanto, o homem, por meio de modificações, submete-a [a Natureza] a seus fins, a domina. É esta a suprema e essencial diferença entre o homem e os animais; diferença decorrida também do trabalho”.

(Engels,2002, p.125.)

Várias são as explicações para o processo de humanização e as ciências que o discute: a filosofia, a antropologia, a sociologia, a história, a biologia, a psicologia, dentre outras. Para explicar o processo de humanização é necessário entender tal processo como:
O Brasil é um país extraordinariamente africanizado. E só quem não conhece a África pode escapar o quanto há de africano nos gestos, nas maneiras de ser e viver e no sentimento estético do brasileiro. Por sua vez, em toda a outra costa atlântica se pode facilmente reconhecer os brasileirismos. Há comidas brasileiras na África, como há comidas africanas no Brasil. Danças, tradições, técnicas de trabalho, instrumentos de música, palavras e comportamentos sociais brasileiros insinuaram-se no dia a dia africano. Com ou sem remorso, a escravidão foi o processo mais importante de nossa História. [...] O escravo ficou dentro de todos nós, qualquer que seja a nossa origem.

(Costa e Silva,2003.)

A palavra “diáspora” foi originalmente usada no Antigo Testamento para designar a dispersão dos judeus de Israel para o mundo. Recentemente, tem se aplicado o mesmo vocábulo, por analogia à condição judaica, aos movimentos dos povos africanos e afrodescendentes no interior do continente negro ou fora dele. A diáspora traz em si a ideia do deslocamento que: